segunda-feira, 7 de dezembro de 2015


"Tenho um ciúme doido de quem não tem medo de perder o que tem"

O ciúme é o caroço do amor. É por isso que só como fruta partida e sem casca.
O meu amor é inventado por mim para outra pessoa que acha o mesmo que eu.
Se ciúme é gostar antes quero amar.
Se ciúme é amar antes quero um verbo novo para ser o que gosto em ti.
Controlar o outro é exactamente o impossível por isso descontrolo o outro para que a minha influência seja o que quero para mim.
Não sei o que estás a fazer neste momento mas se mo disseres acredito em mim.
Tens ciúmes do namoradinho, és parva.
Tens ciúmes do primo que tinha mais brinquedos, és um triste.
Tens ciúmes da bandeira de outro país, emigra… palhaço.
Tens ciúmes da gaja boa… vai pôr umas mamas. 
Tens ciúmes do carro do Armindo… vai tirar o passe.
Tens ciúmes porque é giro, arranjaste um par de cornos.
Tens ciúmes meus, ciúmes do cão, ciúmes do canário, ciúmes da titi, ciúmes da infância do Juvenal porque tinha carrinhos de colecção.
O ciúme não é amor. O ciúme é o furúnculo mesmo ao lado do olho do cu do amor e não serve para provar o afecto mas para provar que quem tenta amar e não consegue falha porque é invejoso, desconfiado, fraco e pequeno.
Eu acho-me maravilhoso e isso é maravilhoso.
Achar-me bom é o único antídoto que pode impedir a maldade de quem quero.

Texto do livro "O Manual da Felicidade" de João Negreiros


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