Era um menino
que não sabia nadar e o mar feito à tona e à medida para gente que boiava sem
esforço.
O menino
chama-se Sargo e o mar não tem nome por ser grande e o que tem está esquecido
no mapa. Sargo é nome de peixe e aí começa a história.
A família estava
junta, como os irmãos quando se entendem, com o menino enrugado no meio. E esse
menino ria e sorria como nunca um recém-nascido fizera. E a família ria e
sorria, mas era um sorriso engelhado e um riso nervoso.
Porque ria tanto
aquele bebé? Não tinha saudades do cordão? Não tinha saudades do útero mole e
húmido como as alforrecas? Não, não tinha. Tinha um ar redondo e feliz e a
família afeiçoava-se aos risos pequeninos. E de noite, quando os pais novos não
podem dormir, ele embalava-os com sonos profundos e soninho às gargalhadas.
Excerto do livro "O mar que a gente faz" de João Negreiros
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