sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Sereia se quiseres


 
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Sereia se quiseres
Anda depressa dormir que eu prometo que vou fingir que não adormeço. Entras-me a meio do sonho como a sereia que fez do início das escamas a cintura… para se fazer mais fina, mais estreita, mais estreito que sou eu… que até cabo em ti com o mar à volta… como um mau português que se afoga na salitre das tuas vogais parasitas que nunca me soam a mais.
E tenho a mania que te amo só porque não conheço ninguém melhor… ou melhor… até conheço, ou conheceria se tivesse a imaginação mais fértil… para te imaginar como a irmã feia e burra da mulher mais que perfeita que não existiu no passado. Mas como não me sai da cabeça a imagem… nem com shampoo… e, como a mulher mais que perfeita nunca vai dar à costa, tenho de me contentar contigo que és só a perfeição.
És tu, és só tu.
E tu:
- Serei… sereia… serei a … se tu quiseres.
E eu… à falta de melhor… quero.

in a "verdade dói e pode estar errada", de João Negreiros (Camões & Companhia, 2010)

2 comentários:

  1. talvez eu queira...
    viver,
    viver como gente,
    deixar de ser sereia
    perfeita, metamorfoseada...
    sulcar mares de imaginação
    aportar no porto do teu coração!
    e aí, poeta
    poderás conhecer
    o que amor tem para ser...

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